Eu gosto de um garoto e ele me considera apenas uma amiga, ou melhor, a vizinha amiga.
Nós nos falamos por papeis, ou melhor explicando, ele da janela dele escreve algo no caderno e eu da minha escrevo e ficamos assim por alguns minutos, tenho um caderno próprio para isso.
Agora estou olhando para ele no celular discutindo com a namorada pelo telefone.
“Você está bem?” perguntei ao vê-lo sentar em sua cama.
“Cansado de tanto drama” ele respondeu
“Sinto muito” Respondi, tomei coragem e fui escrever outra coisa para ele, algo que eu não tenho coragem e nem sei da onde tirei nesse momento, mas ele acabara de fechar a cortina preta do quarto dele só que mesmo assim mostrei: “Eu Amo Você”.
Sim, eu iria falar que eu amo ele, fiquei triste por ele não ter visto, mas não por muito tempo, afinal, ele deve gostar da namorada dele, resolvi arrumar meu quarto ouvindo música, mas eu surtei e comecei a dançar experimentando minhas roupas e dançando na frente do espelho.
Eu gosto do meu estilo, me caracteriza, mas é impossível não me comparar com a Rose, ela é linda, líder de das cheerleaders da escola, tem um cabelo divino, ela usa roupas da moda e mostra o corpo dela, faz inveja com as saias curtas mostrando suas saias e as blusas mostrando a barriga e a maquiagem perfeita, já eu, uso óculos, calça jeans, converse, camisetas grandes toco na banda da escola e não tenho nada demais que chame atenção dos garotos, quanto menos no Lucas. Efim, depois de ficar cantando, dançando e pensando na frente do espelho e não arrumar meu quarto eu caio cansada na cama. Uma noite e tanto, quase mudei meu destino, como será que ele reagiria? Quer dizer, se ele lesse o que eu escrevi? Melhor deixar para lá.
Estou sentada em um banco perto de casa lendo quando Lucas se aproxima e senta ao meu lado.
- Oi Tay, como vai? – Ele sorri e eu abaixo meu livro, envergonhada.
- Oi – respondo eu toda idiota, vem o vento e bagunça meu cabelo que entra na frente do meu olho, mas antes que eu faça algo Lucas coloca a mexa invasora atrás da minha orelha, preciso dizer que meu coração quase parou e que depois disparou feito um carro de fórmula 1?
- Você viu o ultimo jogo do meu time? – Sim, eu gosto de futebol também, ele sabe disso e é um dos nossos assuntos.
- Eu vi, nossa e aquele carrinho que o John tentou lhe dar? – Respondi rindo.
- Nossa, aquilo foi incrível, nem sei como consegui, se pegasse eu estaria com o pé quebrado! – Ele disse todo empolgado, eu ri e me perdi na conversa admirando-o. Quando eu ia falar algo a Rose chegou no conversível amarelo dela, me olhou daquele modo superior dela. As vezes eu acho que ela sabe que eu gosto dele, sei lá, pelo modo que ela me olha quando ele sorri para ela ou a abraça na minha frente, ela até gosta de beijá-lo na minha frente, sempre me mandando um olhar de “sou demais” para mim depois de fazê-lo.
Será que os garotos não percebem? Quando a menina cora, ri, fica sem graça por qualquer coisa que ele diz... Será que os garotos não vêem que é um sinal de que a garota está afim dele?
Aprendi a esconder o que sinto, afinal, eu não tenho coragem de falar para ele os meus sentimentos, sei que mereço que me julguem, mas eu tenho medo, prefiro muito mais que ele seja meu amigo, me falando coisas que ele não fala com a Rose porque eu escuto e sou mais legal, segundo ele, do que perder tudo isso.
Hoje tem um jogo na escola, estarei na arquibancada como sempre tocando na banda e encorajando o time, mas principalmente Lucas, que é o único que eu consigo ver em campo. Eles ganharam o jogo, eu fiquei feliz, Lucas foi o artilheiro, como sempre. Quando acabou o jogo as pessoas foram para o campo para abraçar os jogadores e eu fiquei no meu lugar, e de lá eu vi, Rose abraçada com John, o que ela fazia abraçada com o John se ela namora o Lucas? Fiquei de boca aberta e ao mesmo tempo Lucas chegou perto deles, pela leitura labial e a obviedade eu pude perceber que ele disse “O que significa isso?”, Rose respondeu algo que ele não gostou, se estressou, passou a mão no cabelo e saiu de perto dos dois. Fiquei com o coração na mão e com uma vontade enorme de entrar no campo e arrancar cada fio de cabelo daquela vadia.
Saí da arquibancada indignada, depois disso os dois ficaram afastados, estava na fila da lanchonete da escola, era a última da fila, até Lucas aparecer e pegar uma bandeja para ele.
- Oi – disse ele sorrindo.
- Oi – Respondo sem graça e corando como sempre.
- Já deve estar sabendo que terminei com a Rose – ele disse dando de ombros, só não entendi porque ele estava me falando isso.
- Sim, quem não sabe – eu disse e ele sorriu, torto, torto e sem graça, quase desmaiei.
- Então eu...
- Lucas! – Ele foi interrompido pela voz de Rose o chamando. – Achei você, preciso conversar contigo.
- Tudo bem – ele disse pousando a bandeja onde ele pegara a pouco e se virou para mim. – Até mais Taylor.
Porque ele me chama de Taylor na frente dela? Eu nunca entendi isso, ele é tão estranho.
- Até – respondi e dei de ombros, mas por dentro queria falar “não quero que vá”.
Um fato é que sempre que eu começo a falar com ele a Rose aparece, parece sina, mas um dia isso tem que acabar...
Cheguei em casa e ele estava no quarto, quando eu coloquei a mochila na cama ele pegou seu caderno.
“Voltamos” estava escrito no papel dele de canetão preto. Aquilo me fez ficar triste, mas ele parecia feliz, e vê-lo feliz me fez sorrir.
“Que bom” foi o que respondi e sorri de lado.
“Tenho que ir” ele escreveu ao ouvir uma buzina de carro, balancei a cabeça e ele se foi. Dei de ombros e fui tomar banho, no outro dia era o baile e eu tinha certeza que ela só voltou com ele por causa desse evento.
Sábado e eu deitada na minha cama fazendo tarefa, vejo um movimento no quarto de Lucas e ao olhar o vi escrever algo e automaticamente peguei o meu caderno.
“Você vai hoje?” perguntou ele quase pronto para ir para a festa,só faltava colocar o smoking.
“Não, estou estudando” eu escrevi em resposta.
“Como você consegue?” eu apenas sorri e ele saiu com o smoking pendurado no dedo acima do ombro, aquela cena se repetiu na minha mente por muitas vezes seguidas. Olhei para a folha que dizia “Eu Amo Você”, resolvi então tomar uma atitude.
Sabe quando você resolve arriscar TUDO? Então, foi isso que eu fiz naquele momento. Abri o guarda-roupas, vi o vestido branco tomara que caia que minha mãe me deu e o peguei de imediato, me arrumei e desci.
- Taylor Swift! – Ouvi meu pai falar ao me ver parada em frente a ele, tampando sua visão da televisão. – Você está linda minha filha!
Ele sorria de orelha a orelha.
- Eu resolvi ir ao baile, você me leva? –Perguntei sorrindo.
- Claro, terei a honra! – Ele se levantou e me guiou até o carro como se eu fosse uma princesa, coisa que ele sempre me disse que sou, mas que nunca acreditei.
Ao chegar na festa, todos que estavam do lado de fora ficaram me olhando, mas nada se compara quando entrei no salão, as pessoas foram abrindo passagem para mim, admiradas, acho que os murmúrios chamou atenção de Lucas, pois ele olhou para trás e ao fazê-lo, ele ficou... Surpreso, e sorriu, parei, não sei porque, ao vê-lo. Ele começou a caminhar até mim e eu recomecei a andar até ele, Rose, que dançava com John ao vê-lo vir em minha direção o puxou pelo braço, pensei em parar, mas antes que fizesse isso ele se esquivou dela e apontou para mim, ela ficou com cara de taxo, ele sorriu e parou na minha frente, eu peguei o papel que me encorajara a ir até ali e lhe mostrei, ele respirou fundo, ficou meio sem graça e olhou para baixo, eu achei que tinha acabado com tudo, mas um segundo depois ele puxou o paletó do smoking e tirou de lá uma folha, que deveria ser de seu caderno de conversar comigo. Ele me olhou e começou a desdobrá-la.
Sorri ao ver o que estava escrito:
“Eu Amo Você” Essas três palavras que eu sempre esperei ouvir dele, mas eu achava impossível.
Lucas se aproximou de mim, me puxou pela cintura e disse: “Você pertence a mim!” Me beijando em seguida.
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