28 de agosto de 2011

Don't Is A Fairytale


Por Suelen Alves


PRÓLOGO

Estava sentado no lugar de sempre a observando até que Alex chegou me dando um tapa na cabeça me fazendo levar um susto.
- Ainda babando na Suh? – Ele perguntou apontando na direção que eu olhava algum tempo atrás. Ela estava beijando o Thiago. Queria chegar lá, os separar, dar um soco bem dado na cara dele e beijá-la, mas ela não me quer. – Coé cara, você é popular, pode pegar qualquer uma.
- Mas eu queria ela – Resmunguei, ele balançou a cabeça negativamente e saiu de per to.
- Como pode, eu, o Ca r mais desejado do colégio ser rejeitado por uma garota? Ou melhor, como ela pode preferir ele à mim... Qual o problema dela? – Falava sozinho comigo mesmo.
Olhava aquele loser abraçando minha garota pela cintura enquanto ela estava de f rente a ele entre suas pernas, ele falava coisas no ouvido dela e ela jogava a cabeça para trás gargalhando, o cabelo se mexendo e ele rindo dela, depois se beijavam e ficavam falando coisas de testas coladas.
Aquilo doía. Doía muito.

TRÊS MESES ATRÁS...
Estava com o som alto em casa e o CD do Guns’N Roses que eu colocara para tocar acabou, ouvi risos vindo do lado de fora e sorri, Suh estava no jardim da casa dela. Saí disfarçadamente de casa e fui ver o que ela fazia. Estava com a amiga dela, a Mylena, me abaixei atrás da cerca viva que separa nossas casas e fiquei ouvindo o que elas conversavam.
-...No pneu da bicicleta e a menina sai ralando a cara, ou melhor, o aparelho, no chão, eu quase morro de rir nessa cena! – Eu saquei do que elas falavam, música, mais especificamente First Date – Blink-182. Elas riam e conversavam sobre os outros clipes da banda, até que um momento elas mudaram de assunto. O tema agora era “garotos bonitos”. A principio elas falavam dos famosos, mas depois começaram a falar dos da escola.
- Nossa escola tem tanto menino lindo também, mas tem dois que se destacam – Suelen comentou com a amiga, fiquei intrigado.
- Só dois? – Mylena perguntou irônica. – Tá de brincadeira né? Essa escola é o paraíso!
Elas riram após o comentário de Mylena.
- Afinal, quem são esses dois?
- Um é o Thiago – Suelen disse com voz sonhadora e meu coração disparou, estava indignado, “cara, aquele mané?”.
- Ain ele é lindo mesmo! – Mylena comentou e eu revirei os olhos. – Quem é o outro?
- É o...
Não pude ouvir a resposta, o meu maldito celular começou a tocar, fiquei apurado e eu sabia que elas ouviram, mas para minha sorte eu estava com meu MP4 e ele estava com o fone de ouvido plugado,me joguei no chão deitando de costas e enfiei os fones no ouvido. Deixei o celular tocar ao meu lado e fingi estar dormindo.
- Dougie... – Senti Mylena me cutucar enquanto me chamava, fingi não ouvir. - DOUGIE! – Ela gritou me chutando e eu não pude mais continuar meu teatro.
- AI – passei a mão no local que ela chutou – VOCÊ É DOIDA GAROTA? – Gritei assustado.
- Seu celular – ela apontou para o aparelho que já parara de tocar.
- Obrigada senhorita delicadeza! – Respondi ríspido.
- A seu dispor signore – respondeu ironicamente. – Mas o que você fazia dormindo aqui no gramado?
- Estava com calor e vim deitar na sombra da cerca viva, é pecado fazer isso agora? – Fui grosso.
- Não, não é, idiota! – Mylena entrou em casa arrastando Suelen consigo.
Bom, para quem está não sabe eu sou Dougie, irmão de Mylena. Suelen e nós somos novos na cidade e escola também, somos vizinhos e então amigos, mas ela é linda e eu não quero parar por aí. Tenho um amigo chamado Alex e uma ex-amiga chamada Olive, eles vieram todos para a cidade também, sabe como é, família que têm negócios juntas sempre juntas.
Entrei em casa atrás das duas.
- Coé Dougie, vai ficar nos seguindo? – My perguntou ao me ver na sala.
- Sim, daí de noite eu seqüestro vocês e lhes mato no meio da floresta! – Ironizei. – Claro que não, eu moro aqui também idiota, eu vou é pegar meu CD e ir para meu quarto.
Passei por ela bagunçando seu cabelo e pegando meu CD, antes de subir as escadas eu fiquei encarando Suelen.
Quando cheguei no meu quarto que eu fui lembrar que haviam me ligado. Peguei o maldito celular que me dedurou para ver quem era o desocupado.
- Alex! – Disse para mim mesmo revirando os olhos. – O que será que esse jumento quer agora? – Disquei o número do meu amigo.
- “Aleluia retornou cara, se fosse assunto de vida ou more eu estava ferrado!” – Ouvi o cara berrar do outro lado da linha.
- Vai se ferrar – disse nervoso. – O que você queria? Me atrapalhou sabia? Espero que seja importante.
“E é, saiu o resultado do teste para entrar no time de futebol da escola” – ele disse animado. Me levantei na hora da cadeira que eu estava sentado.
- E aí cara, eu passei? – Quase gritei.
- “PASSOU EU TAMBÉM!” – Ele gritou
- UHUL – comemorei. – Cara, estou indo te buscar para irmos comemorar!
“Nos pegar, Thiago está aqui” – Falou Alex, mas eu nem prestei atenção e respondi um ‘ok’.
Desliguei o telefone e desci as escadas correndo, mas quando fui me dirigir para a sala bati de frente com Mylena e Suelen que vinha atrás da minha irmã bateu nela e caímos todos no chão.
- DOUGIE, SEU PANACA, VAI SE FERRAR, ONDE VOCÊ VAI CORRENDO DESSE JEITO DENTRO DE CASA? – Gritou Mylena, mas eu ignorei ela e peguei no colo a rodando depois de nos levantarmos, ela riu e ficou me dando tapinhas para soltá-la.
- EU PASSEI , ESTOU NO TIME DE FUTEBOL DA ESCOLA – gritei feliz.
- Parabéns! – Ela retribuiu o abraço e sorria. – Eu disse que você iria conseguir não disse?
- SIM, VOCÊ DISSE – falei com um sorriso iluminado a colocando no chão.
- Parabéns Dougie – eu ouvi uma voz baixa falar e me virei, dando de cara com Suelen sorrindo.
- OBRIGADA – aproveitei o momento e a peguei no colo a girando, como acabei de fazer com Mylena.
- Estou indo buscar Alex para irmos comemorar, vocês querem ir conosco?
- Claro! – Respondeu My de pronto antes mesmo que eu alcançasse minhas Chávez.
- Então vamos! – Disse colocando o casaco ao mesmo tempo que passava pela porta com as duas ao meu encalço.

Chegamos na casa de Alex e Thiago estava lá, eles entraram no carro e fomos para o bar que estavam comemorando os outros jogadores que passaram no teste. Chegamos lá e já estavam quase todos bêbados. Alex entrou na frente cumprimentado todos junto com Thiago, já as garotas e eu entramos meio receosos, pois nós só conhecíamos aquelas pessoas de vista.
- E aí Dougie, novo atacante é? – Uma loira peituda com pouca roupa chegou se apoiando em meu ombro sorrindo pervertidamente.
- Pois é, mudei de escola, mas meu talento veio comigo – sorri flertando com a garota. Ok, nesse momento eu estava pensando com a cabeça debaixo.
- Dougie, vamos dar uma volta – Mylena anunciou e eu me assustei e tirei as mãos da garota do meu corpo.
- Eu vou com vocês – fui atrás delas sem ao menos me despedir da garota.
- Qual é Dougie, fica aí – falou Suelen e eu olhei decepcionado para ela.
- Ela não faz meu estilo – dei de ombros.
- Fala sério Dougie! – My me encarou abismada.
- O que? – Fiz cara de desentendido. “Cara de pau” pensei.
- Você não tem tipo, tendo peito e bunda você pega! – Ela disse rindo e eu e olhei-a indignado.
- Eu mudei ta querida! – Rebati.
- Desde quando? – Perguntou ela de novo.
- Caraca Mylena, você tirou o dia para pegar no meu pé? Está precisando sair da seca hein! – Desconversei.
- Estou tentando, mas você não sai do meu pé – resmungou ela se virando.
- Todos sabem que somos irmãos, dã – disse me virando para a pista de dança e dando de cara com a pior cena que eu vi naquela noite.
- Está vendo aquilo? – My disse indignada. – Até a Suelen está desencalhando e eu aqui!
Suelen estava dançando com Thiago toda sorridente.
- Quando ela saiu daqui que eu nem percebi? – Falei irritado.
- Não sei – My sorriu pervertida -, mas ela está se divertindo muito!
Serrei os punhos e endureci o maxilar para conter a vontade que me dominou de socar o Thiago.
- Aconteceu alguma coisa Doug? – Ouvi My perguntar e saí do transe.
- Não – respondi e me virei para o balcão, me sentando por lá mesmo. Pedi uma dose da bebida mais forte que tinha e logo o barman trouxe, tratei de virar o copo todo e pedi outra em seguida.
- O que é isso Dougie? – Alex apareceu do meu lado preocupado.
- Estou comemorando – respondi amargurado.
- Não, você está afogando suas mágoas na cachaça – ele tirou o copo, que eu levava à boca, de minhas mãos. – Levou um toco foi?
- Pior, nem tive coragem de falar com a garota – disse encarando Suelen dançar com Thiago. Acho que Alex percebeu, mas também, nem disfarço.
- Qual é, você está gastando da Suh? – Me deu um soco no braço, o que me fez olhar para ele.
- Quem disse? – Perguntei orgulhoso demais para admitir.
- Sua cara de cão sem dono vendo ela dançar com o Thiago! – Respondeu ele sério. Gosto de Alex porque ele, por mais irônico que seja, ele não faz piadinhas sem graça gozando com a minha cara.
- Você está ficando doido – eu disse saindo de perto dele, mas como era de se esperar ele me seguiu.
- Se não é ela, quem é? – Insistiu ele.
- Ok Alexander, sim, estou assim por a Suelen nem olhar na minha cara direito e eu aqui apaixonadinho, igual um adolescente de 14 anos admirando a garota mais popular da escola sem ter coragem de chegar nela! – Terminei e Alex estava estático olhando um ponto atrás de mim. Meu sangue congelou nas veias com o pensamento que passou pela minha mente. – Não me diga que...
- Não terminei a frase e ele já concordou, entendendo o que eu quis dizer.
- Por que você não contou nada para mim? – Ouvi a doce voz que sempre me fez ir à lua e voltar em segundos perguntar e, pelo seu tom estava indignada.
- Porque não tinha coragem – disse ainda de costas para ela. Alex deu um jeito de escapar sem ser pego no ato.
- Você... Você... Como assim? – Ela parecia confusa. – Apaixonado?
- Sim – disse me virando para ela e a olhando no fundo dos olhos para ela perceber que eu não mentia.
- Mas... Mas... Mas... – Ela estava sem ação, parou e respirou fundo. – Olha Dougie, eu não esperava por isso, mesmo...
Eu estava sem reação, não era para ela saber, ela falava e eu só a encarava, não me atrevi a abrir a boca nem um segundo sequer.
- Suh... – comecei.
- E aí gente! – Olhei para Thiago, ele a abraçou por trás e beijou seu pescoço. “Oi, posso matá-lo?” – Oi Suh.
Ela não respondeu, ficou parada, estática.
- Thiago, estávamos conversando, poderia nos dar licença? – Perguntei tentando ser educado.
- Claro que posso – respondeu ele olhando para mim e depois para ela. – Se a Suh quiser.
Ele ficou olhando para ela que acentiu levemente com a cabeça.
- Tudo bem, pode ir, te encontro depois – ela disse e deu um beijo na bochecha dele.
- Te espero na piscina – disse ele saindo de perto.
- Olha Dougie, eu gosto muito de você, como amigo, você é legal e tudo, mas eu gosto mesmo é do Thiago – essas palavras foram facadas no meu peito.
- Mas você nem conhece ele – eu quase não conseguia mais falar.
- Vou conhecer com o tempo – disse ela. Percebi que a estava pondo em uma situação muito complicada, mas pelo menos ela não estava me dando esperanças.
- Tudo bem – falei engolindo a raiva. – Finja que você nunca ouviu o que eu falei para o Alex.
Passei por ela indo em direção a porta e logo depois por Thiago que eu encarei até cruzarmos, cada um para um lado. Saí do pub com raiva de mim, que poderia estar lá dentro comemorando, mas não, eu estava ali sentado na beira da calçada quase chorando.
- Você é um babaca Dougie, um babaca idiota e burro – me xingava.
Levantei e respirei fundo, limpei as poucas lágrimas fujonas que caíram sem meu consentimento, não iria me permitir chorar, homem não chora. Me dirigi para meu carro e fui para a casa de Olive, minha ex-melhor amiga, nos afastamos porque descobri que ela gostava de mim, aí ela não conseguiu mais ficar perto vendo eu sair com garotas diferentes a cada dia e se afastou.
Agora estava eu ali, precisando de um ombro amigo, coisa que ela também precisou, mas não teve, pois Alex preferiu continuar andando comigo e ela ficou sozinha, sem ninguém. Mas eu estava tão fora de mim que sou capaz de pedir desculpas para ela e também entenderei se ela não me quiser por perto.
Toquei a campainha.
- Dougie?! – Olive abriu a porta e ficou espantada ao me ver ali. – Vo-Você... Estava chorando?
- Não, não, é uma alergia – menti, meu olho ainda deveria estar vermelho –, meu ardia enquanto eu vinha para cá.
- Atá, ela fingiu acreditar, essa garota me conhece mais que eu.
Silêncio.
- Mas então... O que você... Er... faz aqui? – Ela estava sem jeito e eu também. – Entra.
- Tudo bem – eu entrei, ela me mandou sentar e se sentou de frente para mim.
- Então? – Começou ela.
- Então... – Repeti e tomei coragem. – Eu vim aqui te pedir desculpas.
- Desculpas? – Ela ficou confusa.
- É, por tudo que eu te fiz sofrer, por eu ser um idiota total e...
- Dougie... – Ela me interrompeu.
- Sim?
- Não precisa pedir desculpas, eu sabia como você era e eu já deveria esperar que você não fosse querer ficar comigo, por isso nunca estive magoada contigo!
- Não? – Perguntei confuso.
- Não, agora já até superei – ela sorriu e eu sorri junto com ela. – Mas me diga quem é a garota que te fez chorar e vir até aqui.
- O que? – Minha voz saiu esganiçada, sinal de mentira. – Não tem ninguém, foi só um peso na consciência.
- Dougie, nem vem me contar história para boi dormir, eu te conheço, pode ir desembuchando! – Olive autoritária como sempre.
Contei tudo para ela que ouviu tudo em silêncio.
- Nossa, nunca imaginei você em uma situação dessas – analisou ela séria.
- Muito menos eu – falei esfregando meu rosto. – Não sei o que eu faço.
- O jeito é esquecer – ela disse com cara de pena para mim. – É difícil, mas passa.
Me levantei e sentei ao lado dela, bem perto, muito perto mesmo.
- Olive, você ainda ficaria comigo? – Fui direto, ela olhou para o chão.
- Dougie... Eu... – Ela estava hesitante. – Não!
- Fala olhando nos meus olhos então – eu peguei o rosto dela, o prendendo entre minhas mãos, fazendo ela olhar para mim.
- Dougie – Os olhos dela se encheram de lágrimas –, você só está... Carente, você não quer ficar comigo, é porque levou um fora.
- Mas eu quero mudar, quero esquecer ela e concertar o passado com você – eu desabafei baixo e com o rosto perto do dela, podendo até senti a sua respiração no meu rosto.
- Mas isso não está certo... – Ela insistiu, mas eu já estava tão perto que eu colei nossos lábios. Senti Olive tensa, mas segundos depois ela se rendeu e aproveitei para aprofundar o beijo.
Como se eu acordasse de um susto eu me afastei dela bruscamente.
- Desculpa, desculpa, desculpa – eu disse me levantando do sofá com as mãos na cabeça. – Não deveria ter feito isso, não deveria nem ter vindo aqui Olive, me desculpa!
- Dougie! – Ela gritou. – Fica quieto.
Olive abriu um sorriso feliz que eu não entendi. Ela se levantou e veio até mim.
- Mas você...
- Dougie, eu ainda te amo, aliás, adorei o beijo – ela sorriu –, mas isso não é certo, nem para mim nem para você.
- Porque não?
- Em quem você estava pensando durante o beijo? – Perguntou ela e eu não respondi, mas ela leu minha mente. – Era na Suelen não era? – Fiquei sem graça. – É disso que eu estou falando, e quanto a mim, eu nunca vou te ter completo como eu quero, não por agora.
- É, você está certa – me pesado joguei no sofá, exausto de tudo.
O silêncio dominou o recinto por alguns minutos.
- Eu vou fazer um café – Olive disse se levantando.
- Tudo bem – respondi por educação. Também por educação eu já poderia ter ido embora, mas eu não conseguia, Olive me fazia bem.
Alguns minutos depois ela apareceu com uma bandeja e duas xícaras, colocou na mesa e entregou um recipiente com café para cada um.
- Obrigada – fui educado e ela apenas sorriu em resposta.

Depois do dia que eu fui na casa de Olive voltamos a ser amigos, na verdade eu andava mais com ela do que com Alex, eu não queria mais falar com ele, porque eu estava com raiva por ele ter apresentado Thiago para Suelen.
- Dougie meu amor! – Olive disse quando viu eu me aproximar da mesa que sempre sentávamos. Infelizmente na mesa também sentavam Thiago e Suelen, para minha tortura. Alex se senta ali também, mas não falava comigo também.
- Olive minha princesa! – A respondi sentando. Sempre nos tratamos assim.
- Nossa, quanto amor – ouvi Thiago falar do outro lado da mesa e eu me segurei para não voar nele. Vi Suelen o beliscar.
-Muito mais do que você pensa – respondi sorrindo sínico.
- Dougie, dá para parar de ser mané? – Suelen disse e meu sangue ferveu na veia, Olive rápida como sempre agiu mais rápido que eu.
- Dougie, vem cá – ela levantou me puxando. Pude ouvir Mylena falar um “o que está havendo com meu irmão?” antes de ficar a uma distância razoavelmente longe da mesa, o suficiente para eu não ouvi-los e nem eles me ouvir. – Cara, você tem que se conformar.
- Nunca! – Afirmei rapidamente olhando para a mesa.
- Você vai sim, cai na real, ela nunca vai ser sua, NUNCA! – Ela jogava na minha cara o que eu já sabia, mas nunca admitia. – Olha para mim – olhei. – Parte para outra e fica na tua!
Ela alertou e saiu de perto. Pelo que ela acabara de me falar e por reflexo, fui atrás dela, a puxei pelo braço e lhe dei um beijo ali no meio do refeitório. Ouvi vários“Oh’s”. No começo ela resistiu, mas logo cedeu, alguns segundos depois ela voltou a si e me empurrou pelo peito e me olhou chocada.
- O que você está fazendo?
- Partindo para outra como você disse.
- Nunca vai dar certo – ela sussurrou.
- Como você saberá se nunca tentar? – Insisti.
- Não quero tentar, se eu sofrer de novo como sofri antes eu ficarei doida – ela respirou fundo. – Olha, não faz mais isso ta? – Ela sorriu me encorajando.
- Tá – respondi sorrindo e logo depois beijei sua testa, peguei sua mão e voltamos para a mesa.
- Vocês estão namorando? – Mylena perguntou assim que sentamos.
- Não – respondi.
- E aquele beijo? – Isistiu.
- Foi só um beijo – respondi de novo grosso.
- Mas...
- Chega, não quero falar disso – cortei ela.
- Ok, seu grosso – ela disse se levantando da mesa, Alex me fuzilou com os olhos e foi atrás dela. Eu que nem tinha tocado na minha comida a ataquei. Minutos depois a Olive teve que sair e fiquei na mesa sozinho com o casal felicidade que eu ignorava desde que sentei.
O celular de Thiago tocou, ele atendeu e ficou discutindo com alguém.
- Suh, vou ter que ir resolver um problema, te encontro mais tarde? – Falou dando um selinho nela. Fiz careta, mas eles nem viram.
- Claro, vai lá – ela deu um tapa na bunda dele quando ele se virou e os dois riram.
A mesa ficou em silêncio e por mim permaneceria assim, mas por Suelen não. -
Achei que você gostava de mim – Suelen insinuou irônica.
- A fila anda querida – respondi curto e grosso.
- Bom saber que eu fiz a escolha certa então – ela disse e se levantou. F ui atrás dela quase enfartando com o que eu imaginei.
- Suh! – Gritei e ela se virou.
- O que é? – Perguntou impaciente.
- Só quero saber uma coisa – ela apenas continuou me olhando e foi a deixa para eu continuar. – Você por acaso pensou, sei lá, em me dar uma chance? – Eu estava muito nervoso.
- Não vou mentir Dougie, eu até cheguei a pensar em dar-lhe uma chance, mas depois de hoje... – Ela deixou a frase no ar e ia saindo, mas eu a segurei pelo braço.
- Quando? – Perguntei intrigado. – Quando você pensou nisso?
- No dia que fiquei sabendo que você gosta de mim – respondeu ela olhando para o chão. – Mas esquece isso.
Ela ia saindo, mas eu a segurei novamente.
- Não, não vou esquecer isso – falei sério. – Me dê uma chance.
- Chance de que Dougie? Você acabou de provar que é um idiota estúpido que age por impulso – ela disse revoltada. – O Thiago é gentil, engraçado, fofo e eu gosto muito dele, acho que apaixonada é o termo certo, então não tem como eu te dar uma chance.
Com essas palavras dela fiquei sem reação. Ficamos nos encarando e ela foi a primeira a quebrar o contato visual para sair dali, e dessa vez eu deixei, eu ouvi coisas até demais.
“...acho que apaixonada é o termo certo...”
Isto me matou por dentro.

UM MÊS DEPOIS... 
Eu estava saindo carregado por Olive de mais uma festa.
- Dougie, você não pode se acabar assim – ela dizia enquanto me jogava na cama.
- Eeeela eeestaaaava quuuuuuase seeendo eeengolida por aqueeee babaca – tentava falar, eu estava num estado muito crítico, tanto que até comprometeu minha fala. Eu estava nessa de sair e beber até voltar carregado para casa, ou até mesmo nem voltar, por cerca de três semanas. Mas tentem ver a situação pelo meu ponto de vista. Suelen é minha vizinha, melhor amiga da minha irmã, namora o amigo do meu melhor amigo e os dois estão em todos os lugares que eu estou, tanto na escola quanto nas festas, e ficam se agarrando na minha frente. NA MINHA FRENTE!
- Não dá mais cara, vou ter que fazer algo – Olive disse andando de um Aldo ao outro no meu quarto. Eu sei que estava sendo egoísta, Olive tinha praticamente parado a vida dela para cuidar de mim.
- Eeeeu odeeeio aqueeelee baaaababa – ignorei o que ela disse.
- Olha – ela disse parecendo impaciente e levando a mão a testa. – Eu não vou brigar com você bêbado desse jeito.
- Eu quero beber, me dá bebida – falei tentando me levantar , sem sucesso.
- Caralho, você vai ficar aí porra! – Ela disse tirando meus sapatos e minha camisa, depois disso só lembro da voz dela dizendo “amanhã teremos uma conversinha séria”.

Acordei no outro dia com uma baita dor de cabeça e Mylena berrava uma música qualquer do 3HO!3. Levantei o mais rápido que pude e fui ao quarto dela pedir para abaixar o som e ver se ela tinha algum remédio para ressaca.
- My, você poderia abaixar esse... – Abri a porta do quarto dela e parei de falar na hora que vi Suelen pulando junto com ela em cima da cama. – Som? – Finalizei a frase.
- O que? – Perguntou ela após abaixar o som.
- Eu perguntei se poderia abaixar o som – repeti.
- Ah Doug – reclamou fazendo bico.
- Por favor My, estou quase arrancando minha cabeça do corpo do tanto que ela está latejando – fiz bico para ela.
- Ressaca? – Perguntou. – Eu nem vi você chegar, achei que nem tinha vindo para casa hoje.
- Ahn... – Cocei a cabeça, eu também não fazia idéia de como cheguei em casa. – Também não, acho que Olive me trouxe.
Dei de ombros e ia saindo quando me lembrei de algo.
- My, por acaso você tem algum remédio para dor de cabeça?
- Não – respondeu ela.
- Eu tenho – Suelen se manifestou e imediatamente olhamos para ela. Eu não conversava direito com ela desde o dia no refeitório.
- Não, obrigada, vou procurar algo no banheiro – saí do quarto.
Chegando no andar debaixo, após passar pelo banheiro sem sucesso em achar algum remédio, a campainha tocou. Eu fui abrir e Olive já tacou um pacotinho da farmácia em cima de mim entrando sem nem ser convidada.
- Isso é para a ressaca – disse passando por mim e indo até a cozinha. – Achei que iria precisar.
- Obrigada, você acertou – agradeci.
- Precisamos conversar seriamente – disse ela após eu sentar de frente a ela na mesa.
- Eu não...
- Você VAI me ouvir hoje Dougie Lee Poynter! – Disse ela irritada, mas ela estava certa, pois sempre que ela vinha me dar uma bronca eu conseguia me safar, mas desta vez pareceu-me impossível.
- Olive eu...
- Você tem que acordar para a vida seu idiota – ela me cortou novamente. – Até onde acha que vai se continuar agindo desse jeito? Bebendo, faltando aula,caçando briga com todo mundo? Dougie, você tem que sair dessa cara, dói te ver assim...
- Eu tento, mas é impossível, eu tenho que ficar vendo a Suelen todos os dias e a maioria das vezes ela está agarrada no Thiago – mal disse isso e senti alguém para do meu lado.
- Pode deixar que ficaremos longe de você Dougie – Suelen disse e saiu da minha casa em seguida.

Se passaram dois meses daquele dia na minha casa, Suelen ia menos vezes na minha casa, se sentava em outra mesa com Thiago e agora freqüentavam outros tipos de festas, eles realmente ficaram longe de mim e com a ajuda de Olive eu segui minha vida normal, sem sair para beber ao invés de divertir, na verdade eu saia pouco até.
Fiquei popular na escola e junto com Alex éramos os caras mais desejados da escola, mas por mais que eu saísse com outras garotas nenhuma me fazia esquecer dela.

Agora eu estava ali olhando para os dois felizes se abraçando e beijando.
- Oi Doug – apareceu Camile, a menina mais popular da escola se jogando em cima de mim.
- Oi Cam, afim de matar aula hoje? – Perguntei para ela sorrindo maliciosamente.
- Claro, porque não? – Concordou ela e eu a levei para trás da quadra da escola.

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